Resenha - 4 - O segredo de Brokeback Mountain

Essa sexta, depois de muita relutância acabei indo assistir O segredo de Brokeback Mountain. Fui devido a vontade da minha namorada e claro por curiosidade, já que sou grande fã de cinema e esse filme em particular tem sido muito comentado esse ano.
Confesso que não esperava muito dele, achava que seria só uma historinha de romance entre dois “viadinhos” (me desculpem o termo, mas não tenho como me controlar) sofrendo os preconceitos por seu amor proibido, mas na verdade o filme acabou se mostrando diferente, na verdade é um filme com cenários muito bonitos com uma historinha de romance entre um “viadinho” e um enrustido sem sofrer preconceitos por que não revelaram nada pra ninguém.
Sinceramente, a academia está dando tanto valor a este filme com medo de ser taxada de preconceituosa, pois ele está concorrndo a nada menos que 8 Oscars. Que o filme ganhe na categoria de Melhor direção de arte eu sou totalmente a favor, embora não tenha visto todos os indicados, o filme apresenta uma fotografia impecável. Levar o Oscar de melhor ator para o enrustido interpretado por Heath Ledger, pode até ser, mas para roteiro, trilha sonora e FILME, sem chance. Vamos aos detalhes...
No filme, dois cowboys são contratados para passar alguns meses sozinhos numa montanha para tomar conta de um rebanho de ovelhas, durante as longas noites sozinhos no frio da montanha acaba surgindo um amor proibido (coitadinhos). Eles se separam ao final de seu serviço e passam 4 anos distantes, vivendo suas vidas. Ambos se casam (com mulheres), tem filhos, e tudo parece bem, até que eles se reencontram e passam a viver um relacionamento secreto ao longo de 20 anos. Pronto isso é o filme, quem não estiver interessado em ver já sabe tudo que acontece, caso você ainda tenha interesse em saber mais alguns detalhes, não gaste no ingresso, leia o resto.
Logo no início percebemos que a personagem de Jake Gyllenhaal (indicado a melhor coadjuvante) é meio suspeito, assim que ele aparece já começa a dar umas manjadas no outro.
Eles sobem a montanha, passam uns cinco minutos de belas montanhas, ovelhas, “homens” em cima de cavalos e uma musiquinha chata de violão (essa que por acaso foi indicada ao Oscar).
Depois disso tem mais uns dez minutos deles comendo feijões em lata e conversando muito pouco com montanhas ao fundo. Durante esse tempo podemos ver o interesse de Gyllenhaal por seu companheiro, nas já citadas manjadas enquanto Ledger começa a se soltar mais um pouco.
Até aí, tudo bem, mas ficava difícil de imaginar como essa amizade iria parar num romance. Fiquei pensando como um iria falar pro outro sobre seus sentimentos. Pra facilitar tudo o excelente roteiro (estou sendo sarcástico) que concorre ao Oscar deu uma brilhante solução... Gyllenhaal agarra seu amigo numa noite fria, olha pra ele e... baixa as calças e vira de quatro enquanto o outro abre o zíper e o resto vocês podem imaginar (se quiserem, mas não aconselho) e que se danem as ovelhas!!!. Obs importante: eles foram contratados pra tomar conta das ovelhas. Pronto, começou a patolagem!
Daí, de dois caras que pouco falavam e ficavam quetos, começaram a correr e brincar um com o outro, se agarravam e esqueciam das ovelhas.
Eles vão embora e vivem suas vidas separados. Ledger volta pra sua noiva e Gyllenhaal ainda tenta com outros homens mas não dá em nada, até que conhece uma garota e acaba se casando.
Quatro anos depois eles se reencontram e passam os vinte anos seguintes pulando a cerca escondidos na velha montanha. Depois de muitas tentativas de ficarem juntos, divórcios, bichas mexicanas e declarações de amor, Gyllenhaal acaba sendo assassinado por sua escolha sexual, fechando com um final meia boca.
Na minha opinião o filme perde muito por não mostrar tanto o que seriam as conseqüências do preconceito que eles iriam receber, focando o filme muito mais no relacionamento romântico entre eles. Esse relacionamento é que é um dos pontos mais fracos do filme, não é muito fácil ver esses dois atores com rostos já conhecidos, com bigode e chapéu de cowboy dizendo: “Vamos viver felizes num rancho, só nós dois”, enquanto estão abraçados, tais diálogos geram grande desconforto durante o filme. Outro ponto que poderia ser mais aproveitado seriam os problemas familiares, mas novamente acabam se perdendo para mostrar mais um beijo ou um “eu te amo”. A passagem do tempo também é prejudicial, vemos 20 anos de história, que acaba sendo muito prejudicial pois tal abrangência de tempo encurta partes que poderiam ser melhor exploradas. Essas passagens chegam a assustar quando vemos as filhas de Ledger dobrarem de tamanho de uma cena para a outra.
Enfim, “Brokeback” (costas quebradas, heheheeh) não é um filme para qualquer um, eu particularmente não recomendo e acho que estão fazendo muito estardalhaço por pouco, o roteiro é pobre (embora alguns já incluam este como um filme de romance do nível de um Romeu e Julieta) e por mais que possa chocar algumas pessoas, já foram feitos filmes muito mais pesados sobre o assunto. O jeito é torcer por Munique amanhã.