Rodrigo Sith Lord

Friday, May 19, 2006

Resenha - 28 - O Código Da Vinci


Como não podia deixar de ser, não agüentei e acabei vendo o filme numa das primeiras sessões da estréia. Como li o livro antes de ver o filme (na verdade muito antes, na época em que ainda não era tão badalado) não posso fazer um julgamento completo do clima do filme pois já sabia exatamente o que ia ocorrer, mas poderei analisar outros pontos, vamos ao filme.
No filme, um misterioso assassinato ocorre dentro do museu do Louvre, e cabe ao simbologista Robert Langdon desvendar um segredo milenar que se esconde por trás do assassinato.
Após assistir ao filme constatei que todo o estardalhaço feito sobre ele é um tanto exagerado, proibições e censuras ao filme são totalmente desnecessárias. Dizer que o filme fala mentiras e denigre a imagem de Jesus é um erro, tanto o filme quanto o livro simplesmente seguem uma linha teórica diferente da seguida pelos cristãos, acreditando que Jesus poderia não ser um ser divino, e sim um mero mortal. Se analisarmos que boa parte das coisas que sabemos sobre o passado de um modo geral são mentiras ou interpretações errôneas de fatos reais e que a quantidade de manuscritos ou pergaminhos antigos foram perdidos ou destruídos, é possível acreditar que as teorias do filme também podem ser verdadeiras. Mas isso é uma discussão que não pretendo levar adiante nesse blog.
Voltando ao ponto anterior, no filme fica bem retratada a preocupação de mostrar Jesus como uma pessoa especial, que influenciou positivamente a humanidade, sendo um sinônimo de paz e amor, mas que talvez não fosse realmente um ser divino (embora o filme também nos mostre que pode ter sido).
Outra preocupação dos roteiristas foi com a Opus Dei, um grupo mais conservador da igreja católica que defende piamente seus conceitos. No filme fica clara essa postura de pessoas extremamente religiosas, mas em momento algum, más ou ambiciosas, somente interessadas em proteger o que acreditam ser verdade. Tal fato é explorado no filme de uma forma que não aconteceu no livro, mas sem comprometer a obra original.
O elenco formado por uma imensa constelação cumpre seu papel, sem grandes destaques exceto por Paul Bettany que interpreta um dos “vilões”, o assassino albino Silas, que está bastante assustador. Já a personagem de Jean Reno é a que sofre mais influencia do roteiro, deixando-a mais agressiva, o que me agradou.
Com relação ao suspense da trama, ela segue exatamente o mesmo caminho do livro, mas como costuma acontecer em adaptações o livro é muito mais envolvente.
Achei bem legal também a forma como são abordadas as conversas entre Langdon e Sophie, no livro as conversas são um dos pontos mais legais, mostrando muitas curiosidades, mentiras e teorias, achei que boa parte de seus conteúdos fossem se perder no filme, mas tal fato não ocorreu. Quando eram assuntos históricos, geralmente eram acompanhados de imagens retratando o que acontecia. A explicação do Santo Gral feita por Sir Leigh Teabing (Ian MecKellen) também foi bem legal. E até uns pequenos detalhes que achei que ficariam de fora, acabaram entrando no filme através de um início diferente do livro.
Fechando com Langdon, achei a personagem um pouco diferente do livro, até mais interessante. Ele apresenta um certo conflito com as tais teorias, demonstrando claramente que por mais plausíveis que sejam a seus olhos, ele ainda não consegue aceita-las plenamente (destaque para seu encontro com Teabing). Tal mudança na personagem é mais um claro sinal da preocupação do estúdio em não ofender o cristianismo e preservar a personagem de possíveis acusações acerca de seu ceticismo ou coisa pior.
No fim das contas é um filme bem legal, tanto para quem nunca leu, pois mostra um bom suspense com um tema bem interessante: religião x sociedades secretas; quanto para quem é fã do livro, que poderá reviver a historia com um belo grupo de atores mantendo-se bastante fiel a trama, com exceção de pequenas modificações em algumas cenas e um detalhe em Sophie que não me agradou muito.
Vale ressaltar que fiquei muito contente com a decisão de manter o conteúdo do livro na integra e sem avisos de que eram meramente ficção, sem se preocupar com censuras bestas que querem nos proibir de pensarmos e refletirmos sobre o que quisermos. Esse tipo de postura por parte dos conservadores só serve para ressaltar ainda mais o conteúdo “proibido”, nos fazendo pensar que se hoje querem proibir um simples filme, imagine o que fizeram no passado.
Assista e reflita! Bom filme!

Já ia me esquecendo, se você só leu o Código Da Vinci, ou viu o filme e que ler agora, não esqueça da primeira aventura de Langdon: Anjos e demônios; um livro com muito mais suspense e muito mais polêmico ao meu ver, e que até agora ainda não foi repudiado, e é muito melhor que o Código.

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