Rodrigo Sith Lord

Wednesday, March 29, 2006

Resenha - 20 - Quando um estranho chama


Essa é exclusiva, o filme ainda nem estreou e já assisti devido a uma pré-estréia que rolou ontem (29/03) no New York. Ganhei pipoca e refrigerante mas não foi o suficiente para melhorar minha opinião sobre o filme. Vamos ao filme.
Dirigido por Simon West, o mesmo de Tomb Rider, “Quando um estranho chama” conta a história de uma garota que vai trabalhar de babysitter numa mansão isolada nas montanhas. Todo parece bem até que estranhas ligações começam a perturbá-la. Essa idéia das ligações já foi usada em vários filme, sendo as mais recentes na trilogia Pânico, que explorava muito melhor esse recurso.
Essa breve sinopse poderia ser de um grande suspense, mas o filme está muito longe disso. Para se ter idéia, boa parte dos comentários que ouvi após o filme eram negativos. Se você quiser se arriscar a assisti-lo nem leia o resto ainda.
O filme peca justamente nos pontos onde deveria se fortalecer. Logo no início observamos através de uma janela uma garota recebendo as tais ligações, as cenas da garota eram intercaladas com as de um parque de diversões ao lado de sua casa. Em determinado momento vemos a casa dela por fora e podemos observar rapidamente uma sombra em sua janela, ela grita e somos jogados de novo ao parque, onde observamos um balão perdido subindo. Pra que? Para mostrar que ele mata até em locais movimentados. Muito fraca.
Até aí tudo bem, afinal o filme acabou de começar. Mas logo em seguida eles erram feio outra vez mostrando a polícia na cena do crime. Um policial sobe ao quarto da vítima para ver o ocorrido e pergunta com que arma ela foi morta, o outro policial diz que nenhuma arma foi usada, ele abre a porta do quarto e fica abalado, pouco depois o vemos tomando um ar na entrada da casa enquanto vários sacos pretos são levados embora. Deixa eu ver se entendi, estamos vendo um filme sobre serial killer, e o objetivo dessa cena seria chocar-nos com a violência do assassino que esquarteja suas vítimas com as próprias mãos, realmente chocante. Mas nada é mostrado, o único sangue que vemos é um pouquinho no saco preto e pode ter certeza que não verá muito mais sangue no filme.
Finalmente passamos para nossa personagem principal interpretada pela jovem Camilla Belle. Temos uma rápida introdução de personagens secundários que de nada servirão depois. Descobrimos então que ela terminou com o namorado e por causa disso gastou 800 minutos no celular, e como castigo não poderá usar seu carro nem o celular por um tempo (desculpa bem esfarrapada para isolar a moça), além de trabalhar para pagar a conta. Seu primeiro serviço, tomar conta dos filhos do casal Mandraki, ocorre justamente no dia de uma grande festa da escola que acontecerá num lugar distante e sem sinal de telefone (pronto isolamos ela dos amigos). Seus pais vão para um concerto e também não estarão disponíveis, deixando de vez a garota sozinha.
Na casa dos Mandraki, uma mansão com paredes de vidro, ela é instruída sobre o sistema de segurança, sobre os barulhos durante a noite feitos pela empregada que pode sair da casa a qualquer momento e sobre a casa de hóspedes onde o filho mais velho pode aparecer sem avisar. Aliado a isso tem também os sensores de movimento que iluminam o ambiente ao entrar.
Depois de tudo isso ela é trancada na casa e o filme pode começar. Na verdade o filme podia mas não começa, e o motivo é bem simples, você sabe que nada irá acontecer até que ela receba as ligações do assassino. Até aqui tudo bem, mas o próprio trailer do filme destrói ainda mais o suspense ao mostrar o assassino perguntando a ela se as crianças estão bem. Essa falha no trailer nos acaba com todo o suspense do filme, que já não é lá muito bom, por que até que ela suba para ver as crianças ela não irá se deparar com o perigo. Façamos as contas, o filme tem 90 minutos de duração, se a ligação principal só acontece aos 70 minutos, e levando-se em conta mais uns 5 para o final, só sobram 15 para o que interessa, isso mesmo, 15 minutos de suspense, sendo que grande parte das cenas desses quinze minutos estão no trailer.
Já sabemos que só tem quinze minutos de assassino no filme, e o resto o que é? Sustos causados por barulhos, incluindo o fazedor de gelo da geladeira, uns dois causados por um gato, mais um por passarinhos, um pela empregada e só.
Pra não dizer que ninguém morre, o assassino mata a empregada e uma “amiga” da garota, mas em momento algum vemos as mortes e quando vemos os corpos não existe nenhum sinal de violência, algo um tanto estranho já que no início do filme eles fizeram toda uma cena pra mostrar a brutalidade do assassino.
Chegando ao final, após um rápido confronto com ele, ela prende sua mão com um atiçador de lenha no piso da casa (a única vez em que aparece algum sangue depois do saco preto), e foge da casa dando de cara com a polícia, e pronto, por mais inacreditável que seja o filme acaba. Vemos o rosto do assassino numa imagem congelada, já que esconderam durante todo o filme resolveram mostrar por uns 15 segundos no fim, não sei por que. E fecha o filme com um final que parece copiado das idéias do meu filme caseiro que nunca saiu do papel.
Existem ainda algumas falhas muito ruins como as duas vezes em que o alarme é acionado, na primeira a companhia de segurança liga e faz uma série de perguntas se está tudo bem, já na segunda nenhuma ligação é feita (eu trocaria de empresa), tem também a luz da casa que é cortada por alguns minutos sem muito lógica, o fato do sensor de movimento só acender quando o assassino passa quando o diretor quer, as ligações que devem durar 60 segundos para o rastreio mas que na verdade duram 12 segundos e muito mais.
Bom, resumindo tudo isso, não gaste seu dinheiro, se quiser ver um bom suspense veja Os espíritos, mas não de mais dinheiro para esse péssimo roteirista.
Obs: É incrível como funcionam as cabeças dos poderosos de Hollywood. Vivem reclamando que o mercado cinematográfico está em crise e tudo mais, mas são capazes de gastar uma grana em filmes bomba como esse. Parece que o objetivo da Sony é se aproximar o máximo que puder da falência, após um péssimo 2005, onde suas ditas grandes produções deram prejuízo (também quem iria ver Stealth, um filme de 120 milhões de dólares sem nenhum ator de nome e com uma historinha sem vergonha), eles iniciam o ano com esse filminho. Assim fica difícil de não entrar m crise.

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